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quinta-feira, 31 de março de 2011

CARTA da TERRA - 11 ANOS

A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos e valores necessários para que possamos alcançar um patamar mais próximo de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Chega a ser considerada algo como uma versão contemporânea da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Oficialmente foi lançada no ano 2000, mas teve a sua origem muito antes, na década de 1990. Em 1992, enquanto ocorria a Conferência governamental Eco 92, no Rio de Janeiro, paralelamente a sociedade civil organizada realizava o Forum Global, que mobilizou mais de 1300 ONGs do mundo inteiro. Foi lá que surgiu a redação da primeira versão da "Carta", que cinco anos depois, em 1997 foi "institucionalizada" na Comissão Internacional da Carta da Terra, formada por lideranças internacionais. O educador Paulo Freire foi um dos convidados para fazer parte da mesma, mas foi impedido pela morte, que o levou em maio daquele ano. Leonardo Boff assumiu o seu lugar e no ano 2000 foi lançada oficialmente a Carta da Terra, com o seguinte preâmbulo:


"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro..."



Se passaram onze anos, os momentos críticos se perpetuam e as criticidades se multiplicam.
Mas, como está lá no finzinho da "Carta", ainda temos esperança:


"Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida." 

Onze anos, quatro mil dias, noventa e seis mil horas se passaram no planeta. Não nos basta dedicar uma hora apenas, uma vez por ano apenas. Não adianta legitimar nosso consumismo com bobagens rotuladas de "eco". Não é sustentável continuar do mesmo jeito só porque o departamento de marketing ficou green e jogou shampoo verde na imagem corporativa dos  seus clientes.
É possível ser diferente é viável fazer a diferença. 
Convido você a ler a íntegra da Carta da Terra, refletir, aderir se julgar conveniente, propagar e procurar viver momentos de coerência entre intenção e gestos. Por mais errantes navegantes que sejamos...


quarta-feira, 23 de março de 2011

Nenhum som teme o silêncio que o extingue

Nhotim, numa manhã chuvosa do final de dezembro


John Cage, autor da frase que intitula este post, percebia no silêncio um grande prazer, algo que a poluição sonora urbana provocada pelo trânsito e os abomináveis 'sonzões' automotivos não nos permite mais.
Na década de 1950, Cage apresentou pela primeira vez sua criação 4'33", uma peça onde o pianista (no caso) levantava a tampa do piano, e permanecia sem tocar nada, apenas mudando as páginas de tempo em tempo. Foi perturbador.
Posteriormente, Cage diria que a obra era uma música totalmente diferente a cada execução, pois consistia, em realidade, na composição dos sons e ruídos do ambiente onde era apresentada. Bingo! 
Lá estava a tão cultuada interatividade, que ingenuamente acreditamos ser atributo tecnológico dos barulhentos dias de hoje.
Por que será tão difícil encontrar silêncio? Por que para a grande maioria de nós é tão intolerável  se deixar silenciar?
Vi dia desses no Valor Econômico, um comentário sobre o livro "Book of Silence” de uma autora escocesa chamada Sara Maitland, que tem uma abordagem muito interessante. Veja um trechinho traduzido pelo jornal:

"Em nossa cultura obcecada pelo barulho é muito fácil esquecer quantas das maiores forças das quais dependemos são silenciosas - gravidade, eletricidade, luz, marés, o não visto e não ouvido girar do cosmos. A terra gira, e gira rapidamente. Gira ao redor de seu eixo a cerca de 1.700 quilômetros por hora (no Equador); ela orbita ao redor do Sol a 107.218 quilômetros por hora. E todo o sistema solar gira através da galáxia a velocidades que eu mal ouso pensar. A atmosfera da terra também gira com eles, e é por isso que não sentimos o girar. Tudo acontece silenciosamente".

Em atenção ao silêncio, será que você consegue se aquietar e assistir a apresentação de 4’33’’ em homenagem a John Cage?
E se ainda tiver um pouquinho só mais de tempo, tente assistir à entrevista do próprio Cage about silence.


segunda-feira, 21 de março de 2011

A Pegada da Água

Logo da Global Water Footprint Standard 


No dia 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água, que neste ano tem como tema Água para as Cidades: responder ao desafio urbano.

Parafraseando um conhecido nosso “nunca antes na história deste país...” tanta gente morou nas cidades como hoje. A maioria da população está concentrada em aglomerados urbanos, onde grande parte dos problemas ambientais está associada aos recursos hídricos, seja pela contaminação e escassez dos mananciais de abastecimento, seja pelos impactos causados pelas deficiências de drenagem pluvial.

É tanto asfalto, tanto quintal cimentado, tanta árvore cortada para ampliação de vias, tanto chão convertido em “benfeitoria”, que não há como a terra urbana beber água.

Como já mencionei em outro post (Aquabomb), a pegada da água procura nos evidenciar o impacto do nosso cotidiano sobre os recursos hídricos.

Devemos refletir sobre isso.

Por inspiração sugiro um poema de Goethe, em tradução de Paulo Quintela, tradutor português (Medalha de Ouro do Goethe Institut) e um dos fundadores e diretor artístico do TEUC – Teatro dos Estudantes de Coimbra.

 

Canto dos Espíritos sobre as Águas


A alma do homem
É como a água:
Do céu vem,
Ao céu sobe,
E de novo tem
Que descer à terra,
Em mudança eterna.

Corre do alto
Rochedo a pino
O veio puro,
Então em belo
de ondas de névoa

Desce à rocha lisa,
E acolhido de manso
Vai, tudo velando,
Em baixo murmúrio,
Lá para as profundas.

Erguem-se penhascos
De encontro à queda,
Vai, 'spumando em raiva,
Degrau em degrau
Para
o abismo.


No leito baixo
Desliza ao longo do vale relvado,
E no lago manso
Pascem seu rosto
Os astros todos.

Vento é da vaga
O belo amante;
Vento mistura do fundo ao cimo
Ondas 'spumantes.

Alma do Homem,
És bem como a água!
Destino do homem,
És bem como o vento!

A propósito Johann Wolfgang von Goethe morreu num dia 22 de março, no ano de 1832,
A alma do Homem é como a água!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Super Lua Cheia

Linda foto da Lua Cheia no dia 07/09/2006, de autoria do Dulcidio Braz Jr

Por esses dias finais de verão, vi algumas mensagens lembrando que amanhã, sábado, 19 de março é dia de lua cheia, uma lua cheia especial, porque a veremos maior que de costume, como esta da foto aí.
Para entender melhor o que acontece e porque acontece, nada melhor que aprender com quem sabe e compartilhar.
O físico e professor Dulcídio Braz Jr (autor da foto) dá uma bela aula no blog dele chamado Física na Veia.
Confesso que quando acessei o blog pela primeira vez li Física na VÉIA (rsrs) e fiquei pensando "olha que legal, este cara está preocupado em ensinar física para terceira idade (rsrs).
Boa Lua prá todos e todas, isto é...se não chover, pois dia 19 de março é fato sabido e acreditado que é dia da enchente de São José, ou enchente das goiabas, por causa dos estragos que costuma fazer nas goiabeiras que estão carregadinhas nesta época do ano.
Por garantia amanhã de manhã vou colher as goiabas, gabirobas e jabuticabas no quintal lá de casa e torcer prá chover antes do horário da lua aparecer, ou depois um "cadinho".

quinta-feira, 17 de março de 2011

HORA DO PLANETA


A Hora do Planeta é um ato simbólico no qual todos são convidados a participar para expressar sua preocupação com o aquecimento global.
É uma iniciativa mundial da WWF para enfrentar as mudanças climáticas.
É a maior mobilização voluntária do planeta!
No sábado, dia 26 de março, das 20h30m às 21h30m, gentes de todas as partes VAMOS apagar as luzes por Sessenta Minutos para evidenciar nosso compromisso de combate ao aquecimento global. 
É sério, mas deve ser acima de tudo divertido, prazeroso, criativo, artístico, como podemos ver no vídeo oficial de mobilização, aí em cima.

No ano passado, o evento foi um grande sucesso, inclusive aqui no Brasil. Aqui em Uberlândia teve uma bonita festa na praça Tubal Vilela.
Foram milhares de cidades em mais de 100 países. A expectativa para este ano é ainda maior.
Teremos atividades bem legais por aqui, mas oficialmente, a nossa cidade ainda não aderiu à campanha.
Talvez porque o rebanho bovino seja um dos principais responsáveis pelo Brasil ocupar a quarta colocação entre os países que mais lançam gases de efeito estufa na atmosfera.
Mas faça a sua parte, Participe, estimule seus contatos, empresas e organizações a se mobilizarem.
Quem sabe com uma reflexão mais crítica prevaleçam decisões políticas mais sensatas, como o abandono da energia nuclear para geração de eletricidade.
Tudo pode começar com um CLICK ou ser precipitado por um EARTHQUAKE.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Estúpida e inválida



Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Fukushima
A rosa hereditária
A rosa radioativa

Estúpida e inválida

sexta-feira, 4 de março de 2011

Ai que preguiça...

Por falar em Grande Otelo, Carnaval e desanuviar das polêmicas, que tal ouvir a Clara Nunes cantando Macunaíma, samba enredo da Portela em 1975.

Que delícia!

E agora, para quem prefere, neste carnaval chuvoso, se desligar desta rede em favor da outra aí de baixo, vai a dica de ler, ou reler Macunaíma de Mário de Andrade.
Você não tem? Não tem desculpa, acesse o Baixatudo e salve a preguiça.


Pois como imortalizou o outro Mário, o Quintana: 
“A preguiça é a mãe do progresso. 
Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, 
não teria inventado a roda”.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Grande Otelo em Juizo Final

Aqui em Uberlândia, terra natal de Grande Otelo, paredes que abrigam a História costumam ser demolidas sem cerimônia e avenidas, ampliadas sem parcimônia.

Uberlândia, cidade em que alguns se ufanam com alarde de que precisamos nos preparar para milhões, no tempo em que somos "apenas" 620 mil, outros, talvez não tão poucos, questionamos as assimetrias do nosso (des)envolvimento. 

Por que o contagiante entusiasmo e capacidade financeira para investir em obras viárias que causam grandes impactos ambientais e de vizinhança, não encontram paralelos na capacidade de preservar o nosso patrimônio histórico, cultural e ambiental?

Não me refiro, de modo reducionista, à manutenção de algumas (agora) pútridas paredes, do  finado Teatro que supostamente deveria homenagear o Grande Otelo, mas porque chegamos a esse ponto, em que só nos resta a demolição?

Não me importo com as pedras, tijolos, telhas, cimento ou placas de inauguração, mas com o pulsar do fazer artístico, com a magia do palco, com a angústia das coxias e as emoções da platéia. 

Me importo com a edificação de paredes conceituais que deem sustentação à Obra,  reverberem  a Arte e proporcionem aconchego aos aplausos.

Mas, agora que o juizo final está transitado em julgado, resta a sentença do poeta Geraldo Carneiro:


"..o homem é um animal fadado à extravagância.
às vezes sofre acessos de grandeza,

supõe-se demiurgo e pandemônio.
mas o mundo sempre se rebela
contra suas mal fundadas esperanças
e o reduz à sua insigne insignificância."



E com reverência, aqui onde não há paredes a serem derrubadas, comparto a palavra do sentenciado:




Assim seja!

terça-feira, 1 de março de 2011

Sutilezas aladas

Recebi um comunicado da Avistar Brasil - Encontro Brasileiro de Observação de Aves, que ocorre anualmente no mês de maio, no Parque Villa Lobos em São Paulo. Entre os destaques da programação está o concurso de fotografia de aves.
E o melhor de tudo, o vídeo Birds on Wires, criação do cineasta e músico Jarbas Agnelli, que musicou uma bela foto de pássaros pretos na fiação.
Todos que gostam de fotografar devem prestar atenção ao regulamento do concurso e participar. Boa sorte.

Para quem quiser acessar diretamente a página do autor no Vimeo, entre no link