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quarta-feira, 25 de maio de 2011

A vitória da motosserra

A Câmara dos Deputados aprovou com ampla maioria a reforma do Código Florestal brasileiro, contrariando as expectativas e reivindicações legítimas de cidadãos comuns, sociedades científicas, organizações sociais e DEZ ex-ministros de meio ambiente que antecederam a atual, desde Paulo Nogueira Neto lá da época da ditadura militar até Marina Silva.
Mas a despeito disso, votou-se pela flexibilização das regras, pela anistia aos desmatadores, pela facilitação de novos desmatamentos e pela possibilidade de se utilizar as Áreas de Preservação Permanente (APP) para atividades agrícolas e pecuárias. Além do texto básico, também foi aprovada a emenda 164, de autoria do deputado Paulo Piau, aqui de Uberaba, o que segundo as palavras do próprio líder do governo na Câmara, deputado Vacarezza é "uma vergonha para o Brasil".
Se nada mudar no Senado e a Dilma não vetar, estarão anistiados todos aqueles que desmataram ilegalmente até 2008. Isso sem contara que os governos estaduais poderão estabelecer as regras para uso das APPs. Lembremos que vários governadores são típicos "ruralistas", com todo o atraso que lhes é peculiar.
As propriedades com até 400 hectares podem ficar livres da exigência de Reserva Legal, o que na prática deve provocar uma avalanche de desmembramentos de latifúndios em "pequenas" propriedades do mesmo dono para livrá-lo da exigência.
O INPE, Instituto de Pesquisas Espaciais divulgou na semana passada que o desmatamento na Amazônia aumentou 570 % em relação ao ano passado. E isto aconteceu, principalmente pela expectativa de aprovação do "novo" Código Florestal. Imaginem o que ocorrerá agora com a legitimação da ação dos desmatadores.
Curiosamente na véspera da votação, o líder extrativista Zé Cláudio Ribeiro e sua esposa, foram covardemente assassinados em Nova Ipixuna, no Pará, porque defendiam a preservação da Floresta e denunciavam os carvoeiros e madeireiros.
Vejam o depoimento dele no evento TEDxAmazônia realizado em novembro do ano passado, onde ele já preconizava seu destino. "A mesma coisa que fizeram no Acre com o Chico Mendes, querem fazer comigo. A mesma coisa que fizeram com a irmã Dorothy querem fazer comigo".

FIZERAM

Triste país o nosso. Abriga a maior biodiversidade do planeta, a maior reserva de recursos hídricos, é o único que tem nome de árvore. E tem seu futuro maculado pela sandice de analfabetos ecológicos e malfeitores legislativos.

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