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quinta-feira, 3 de março de 2011

Grande Otelo em Juizo Final

Aqui em Uberlândia, terra natal de Grande Otelo, paredes que abrigam a História costumam ser demolidas sem cerimônia e avenidas, ampliadas sem parcimônia.

Uberlândia, cidade em que alguns se ufanam com alarde de que precisamos nos preparar para milhões, no tempo em que somos "apenas" 620 mil, outros, talvez não tão poucos, questionamos as assimetrias do nosso (des)envolvimento. 

Por que o contagiante entusiasmo e capacidade financeira para investir em obras viárias que causam grandes impactos ambientais e de vizinhança, não encontram paralelos na capacidade de preservar o nosso patrimônio histórico, cultural e ambiental?

Não me refiro, de modo reducionista, à manutenção de algumas (agora) pútridas paredes, do  finado Teatro que supostamente deveria homenagear o Grande Otelo, mas porque chegamos a esse ponto, em que só nos resta a demolição?

Não me importo com as pedras, tijolos, telhas, cimento ou placas de inauguração, mas com o pulsar do fazer artístico, com a magia do palco, com a angústia das coxias e as emoções da platéia. 

Me importo com a edificação de paredes conceituais que deem sustentação à Obra,  reverberem  a Arte e proporcionem aconchego aos aplausos.

Mas, agora que o juizo final está transitado em julgado, resta a sentença do poeta Geraldo Carneiro:


"..o homem é um animal fadado à extravagância.
às vezes sofre acessos de grandeza,

supõe-se demiurgo e pandemônio.
mas o mundo sempre se rebela
contra suas mal fundadas esperanças
e o reduz à sua insigne insignificância."



E com reverência, aqui onde não há paredes a serem derrubadas, comparto a palavra do sentenciado:




Assim seja!

6 comentários:

  1. BRAVO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. E como já dizia Cartola..
    "É o juízo final, a história do bem e do mal
    Quero ter olhos pra ver a maldade desaparecer
    O sol há de brilhar mais uma vez!"

    Bravo bravo bravo, e que as cortinas do teatro possam se fechar de novo com Bravo bravo bravo!!!

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  3. " é a força da grana que ergue e destroi coisas belas..."

    Acredito em cada uma das suas palavras escritas!

    Bravo !!!

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  4. Vejo essa história de destrição e desrespeito se repetindo há décadas..uma pena.Não temos ainda um paladino que diga:chega!E seja ouvido.Beijos lamentosos.

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  5. Lindas palavras Du! Bravíssimo! Já virei seguidora do blog!

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