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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Moving Planet

Dia 24 de setembro ocorreu uma manifestação mundial por soluções para a crise climática do nosso planeta. Em milhares de cidades do mundo, pessoas participam voluntariamente, abandonando seus veículos em casa e se locomovendo de um modo mais sustentável, a pé, de bike ou de outro modo não poluente. Acontece desde 2009 e é considerada a maior mobilização por um dia livre de combustíveis fósseis.
Como por aqui (Uberlândia) não há uma ação coletiva articulada, fica a sugestão para que cada um de nós abra mão do carro, moto, ônibus, lancha, jet ski ou avião e dediquemos um dia a caminhar, pedalar, nadar, remar, balançar, velejar, enfim movermo-nos sem consumo de combustível fóssil e assim contribuirmos, ainda que timidamente, com esta causa comum que é combater o excesso de gases de efeito estufa que causam mudanças climáticas e colocam em risco a nossa existência na Terra.
As emissões atuais desses gases equivalem a 50 gigatoneladas (Gton) de "CO2 equivalente" por ano, mas estima-se que o planeta absorva apenas 10 Gton, o restante (40 Gton) ficam acumuladas na atmosfera. 
Especialistas afirmam que um carro do tipo "popular" que circule em torno de 30 km/dia lance anualmente 1 tonelada de CO2 na atmosfera, quantidade igual à emitida por um boizinho no pasto, ou por cada passageiro que faça uma viagem de avião para a Europa.
O mais grave é que até 2030 a demanda de energia tende a dobrar, enquanto devemos cortar as emissões drasticamente.
As contas não fecham, então nada como flanar no sábado, por saúde e um clima mais ameno. E para quem acha que uma ação individual é muito pouco, insignificante perante a magnitude do problema, vale lembrar o grande Jorge Luis Borges, autor do Livro dos Seres Imaginários, que depois de voltar de uma viagem ao Egito, escreveu que ao chegar perto de uma das pirâmides, abaixou-se, pegou um pouco de areia com as mãos e pouco adiante, deixou escorrer por entre os dedos e murmurou baixinho: “Mudei o Saara.”
Assista ao vídeo da campanha (no site Moving Planet tem uma versão com legenda em português)

sábado, 6 de agosto de 2011

O Veneno Está na Mesa - Assista

Em um post anterior eu mencionei o lançamento do documentário o "Veneno está na Mesa". Agora tenho a alegria de compartilhar o link para que possam assisti-lo.
Ele é de circulação livre, vale ser divulgado. Quem preferir pode baixar diretamente no site do Soltec - Núcleo de Solidariedade Técnica.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Todo problema traz soluções...

Bill Mollison, australiano criador da Permacultura tem uma frase que bem ilustra o assunto que vou abordar: 
"Todo problema traz soluções. Temos que ver um problema como uma oportunidade de criar".   
É que dia desses fui convidado a participar de uma reportagem da TV Integração sobre o destino final de carcaças de "orelhões" descartadas. Este é um problema crescente, porque atualmente existem no Brasil, mais celulares do que pessoas, então os telefones públicos estão sendo cada vez menos utilizados, diminuindo a demanda por sua colocação e aumentando a ociosidade dos já instalados, que ficam cada vez mais expostos ao vandalismo. Com isso, a quantidade das chamadas "bolhas" que são descartadas, tornam-se um resíduo de difícil destinação, pois são feitas de fibra de vidro, um material compósito, formado por filamentos de vidro com resina poliester. Tem características que são positivas para utilização em uma gama de produtos. É leve, resistente, não enferruja, não conduz eletricidade e pode ficar ao relento indefinidamente. Mas estas mesmas características tornam-se desvantagens na hora da disposição final, pois além de não se decompor, polui o ambiente, tornando-se um passivo ambiental.
Foi aí que a criatividade fez parceria com a necessidade, numa conexão pouco provável.
A CTBC, que tem um montão de orelhões para descartar resolveu apoiar um projeto de reaproveitamento dos distintos para transformá-los em cocho de alimento e água para bovinos em um assentamento de reforma agrária, no município do Prata.
O que era um problema para um tornou-se solução para outro. Ou seja, a preocupação dos acionistas da telefônica com o passivo da empresa, virou ativo para o pequeno produtor rural. Conexão importante, porque ao invés de utilizar madeira e concreto para fazer cochos, o pecuarista recebeu um material sem custos, que lhe será útil por muitos anos. Conexão de tecnologia com produção de alimento, conexão aparentemente pouco provável que deu certo. Parece até conversa para boi dormir.
Veja a matéria que saiu no MG Rural:


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Fumaceira assassina

Fonte: http://gas2.org/2011/07/27/bad-news-diesel-particle-emissions-cause-heart-attacks/
A fumaça de óleo diesel lançada pelas caminhonetes, ônibus, caminhões e vans além de poluir o ambiente é responsável por ataques cardíacos e acidentes vasculares em pessoas sadias. Quem disse isso não foi um “ciclochato” que adora pedalar e fazer campanha para aumentar o preço da gasolina. Foi uma pesquisa recentemente divulgada pela Universidade de Edimburg, na Inglaterra. Vejam o link “Diesel Bad”.
Partículas químicas minúsculas entram em nosso organismo e afetam não só os pulmões, mas são absorvidas e causam danos ao coração e ao sistema circulatório por formarem compostos moleculares chamados de “radicais livres”.
E um detalhe chama a nossa atenção tupiniquim, o teor de enxofre no diesel distribuído no reino unido e na europa está em torno de 15 a 50 ppm (partes por milhão), enquanto aqui no Brasil está na órbita de 800 ppm isto mesmo, mais de cinqüenta vezes mais enxofre (aquele que dá cheirinho característico à terra do capeta).
Já melhorou bastante é claro, afinal até 1994 o teor era de 13.000 ppm, quando começou uma distinção interessante, a Petrobrás criou o diesel metropolitano (para São Paulo e Rio de Janeiro) com menor teor do perfume do “coisa ruim” e o diesel rural pro resto.
Ainda hoje é assim e pior não é só com o diesel. A gasolina do país dos “apaixonados por carro” é uma das piores do planeta. De novo não é o ciclista quem diz, é a IFQC (International Fuel Quality Center), que semestralmente divulga o ranking dos 100 países com melhores limites de enxofre na gasolina.
Sabem qual a posição do Brasil? Nem eu, porque não aparece no ranking.
Mas ainda bem que surgem alguns de nossos hermanos; o Chile (390), a Colômbia (580), o Paraguay (610), a Argentina (660), a Bolívia (690) e o Uruguai (910).
Na figura abaixo você pode ver que a qualidade do nosso combustível só encontra paralelo em alguns países africanos e do oriente médio. Talvez devêssemos processar a IFQC e a Universidade de Edimburg.
   
fonte: http://www.ifqc.org

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Veneno está na Mesa

Segundo reportagem veiculada hoje (22/07) no jornal Valor Econômico, o Brasil deve passar os EUA na venda de agrotóxicos ainda este ano, superando US$ 8 bilhões. São mais de 5 litros de veneno para cada cidadão brasileiro!!!!
Interessante notar que os Estados Unidos tem uma área cultivada 50% maior que a nossa e produzem três vezes e meia mais grãos que o nosso supereficiente agronegócio.
Neste cenário é prá lá de oportuno o lançamento do documentário "O Veneno está na Mesa" do cineasta Silvio Tendler, que denuncia como a população brasileira está sendo envenenada, principalmente com produtos proibidos na maioria dos países .
Espero que passe logo por aqui, no Cerrado "celeiro do mundo".

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Degelo no Himalaia

Veja o trailer do documentário "Revealed: The Himalayan Meltdown”, produzido pelo PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Arrowhead Films, revela as consequências das alterações climáticas nessa região do planeta. Recentemente lançado e ainda sem versão legendada, o doc retrata que mais de 2 bilhões de pessoas de Bangladesh, Butão, China, Índia e Nepal poderão ficar sem água para beber ou irrigar.
Detalhe: as geleiras do Himalaia representam 40% da água fresca do mundo.



sábado, 9 de julho de 2011

Cadárvore

Cadárvore na entrada de Uberlândia, às margens da BR 365
A primeira vez que ouvi a palavra "Cadárvore" foi do amigo Thomaz Harrell, um dos maiores fotógrafos que conheço e humilde mestre didático e tolerante.
Pois, esta semana saindo de casa pela manhã me deparei com a cena retratada. Uma figueira já decepada há alguns meses, calcinada como uma herege, feiticeira, pecadora. Não sei qual foi seu pecado, se teve tribunal inquisitorial ou se foi justiçada por alguém ligado ao tráfico. Só testemunhei a sentença.
Ouvi pelo rádio, num programa matinal, que já tinha passagens policiais, já esteve envolvida em alguns "TCOs" (Termos Circunstanciados de Ocorrência). 
Triste sina a das árvores pobres, árvores de rua, homeless que mesmo sendo poucas, acabam sendo vítimas da violência. O ministério público, que aqui faz política, que quase acabou por decreto com os pobres pedintes do cruzamento das avenidas Rondon e João Naves, bem que poderia intervir, já que agora vão acabar com o cruzamento, trocá-lo por um viaduto de classe internacional. Fico imaginando um projeto do "mp", que por "recomendação" vire lei: "Todo cidadão ilustre, proprietário de imóveis, dono de carro bacana que proteger uma  árvore com cerca elétrica, consertina ou segurança privada tipo "spaceguardian", terá direito à homenagem na câmara de vereadores em sessão solene e transmitida pela tv universitária. Afinal, os cidadãos de bens merecem... as árvores precisam e os vereadores estão aí.
Temos que mobilizar as forças vivas, afinal cada vez mais as árvores de nossa cidade estão se envolvendo com o mundo do crime. Talvez seja o descaso da sociedade com as mudas. Não lhe dão às palavras.
Ainda bem que temos Manoel de Barros:

"Um passarinho pediu a meu irmão para ser árvore.
meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de sol,
de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.
Seu olho no estágio de ser árvore, aprendeu melhor o azul.
E descobriu que uma casa vazia de cigarra,esquecida no tronco das árvores só serve para poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores
são vaidosas. Que justamente aquela árvore na qual meu irmão
se transformara,envaidecia-se quando era nomeada para o
entardecer dos pássaros e tinha ciúmes da brancura que os
lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore
porque fez amizade com as borboletas".

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Há Britas

Há algum tempo atrás falei sobre essa situação inaceitável (Indelicadezas Urbanase agora somos brindados com este vídeo poético e  provocativo.
Parabéns ao Ricardo, Aninha e participantes da oficina "corpo, arte e espaços públicos" realizado no mês de maio.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Vietnã Amazônico

Fonte: Ibama/Divulgação
No último dia 01, a FOLHA, publicou reportagem de Kátia Brasil, sobre o desmatamento da floresta amazônica realizada por aviões utilizando agrotóxicos. O IBAMA apreendeu em Novo Aripuanã, região do estado do Amazonas, quatro mil quilos de herbicidas que seriam utilizados para desmatar 3 mil hectares de florestas.
Se por si, isto bastaria para tipificar os responsáveis como criminosos hediondos, o que dizer então ao saber que os produtos são parentes próximos e lícitos do "agente laranja", utilizado pelos EUA na guerra do Vietnã  e que causou milhões de vítimas.
Hoje atendem pelos singelos nomes de Tordon, Garlon ou pelo "enigmático" U-46BR e continuam sendo utilizados no Brasil nas lavouras de arroz, café, cana, milho e pastagens.
Para quem se esqueceu, não lembra ou não sabe o que aconteceu no Vietnã por causa desses "defensivos" agrícolas. Acesse o Opera Mundi, mas antes saiba que as cenas são chocantes.
Além de matar todas as árvores, os herbicidas matam os animais silvestres e contaminam os recursos hídricos. Os anfíbios e organismos aquáticos são dizimados e os efeitos carcinogênicos e teratogênicos que afetaram os vietnamitas, também podem estar acometendo indígenas e amazônidas brasileiros.
É absolutamente inadmíssivel que o Estado Brasileiro seja tolerante com isto.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Guerra intestina

E. coli ampliada milhões de vezes - fonte: http://omelhordelondres.com/tag/e-coli/


“Numa guerra, a primeira vítima é a verdade”. Esta frase atribuída ao senador americano Hiram Johnson, pode ser útil, na “guerra” contra a bactéria Escherichia coli (E.coli) variedade O 104, que causa uma síndrome hemolítica urêmica e já provocou a morte de 18 pessoas na Alemanha e infectou mais de 2.200 pessoas em 12 países. Segundo a Organização Mundial da Saúde esta variedade de E. coli é uma bactéria nunca antes vista. Assusta porque ela é resistente a mais de uma dúzia de antibióticos de oito classes, incluindo penicilinas, tetraciclinas, sulfas, cefalosporinas e amoxicilina.

A precipitação do governo alemão em culpar o pepino espanhol, valida a premissa da verdade vitimada. Logo depois voltou atrás e culpou os alimentos orgânicos e agora reconhece, que ainda não sabe de onde veio. Faltou culpar o Gadhafi.

A extrema virulência da cepa e a resistência a tantos antibióticos, suscita suspeitas inclusive que a imperícia ou imprudência humana possa ser responsável, uma vez que a E. coli é largamente utilizada em laboratórios, em práticas de engenharia genética e produção de transgênicos. Veja o site Natural News e o artigo do The Guardian.

Antes de refutar tais hipóteses, como se fossem apenas delírios dos órfãos de Lênin, vale lembrar que o primeiro organismo geneticamente modificado (OGM) ou transgênico criado pela “inteligência” humana foi uma Escherichia coli, que recebeu genes humanos para a produção de insulina em 1977.

Também vale lembrar que antibióticos em subdoses foram e ainda são largamente utilizados na pecuária mundial.

Por outro lado, também é bom destacar que a E. coli faz parte da nossa microbiota intestinal, e em condições normais é benéfica ao nosso metabolismo. Para se ter uma ideia da quantidade desses bacilos que nos habitam silentes, estima-se que cada pessoa elimina diariamente junto com as fezes, um trilhão de bactérias E. coli. Isto mesmo 1 tri por dia.

Assim fica fácil entender porque devemos lavar bem as mãos antes de comer e porque os governos não devem lavar as suas.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

30 de Maio - Dia da Celebração da Razão

Alguns fatos históricos importantes marcam o dia trinta de maio, como o dia provável do nascimento de Dante Alighieri no ano 1265 e o dia da morte na fogueira de Joana D’Arc em 1431, por acusação de bruxaria.
Mas hoje, o que mais me importa é o futuro e não o passado, por isso, mesmo correndo o risco de ser considerado ingênuo arrisco dizer que o trinta de maio de dois mil e onze ficará na história como uma data a ser lembrada e comemorada como um dia de celebração da razão.
É o dia em que o governo alemão anunciou sua decisão de desativar TODAS as usinas nucleares em funcionamento no país até 2022. O que não é pouco, pois são 17 centrais nucleares que respondem por mais de 22% da energia consumida no país.
O terremoto de março no Japão seguido de Tsunami, que provocaram o acidente na Usina de Fukushima foi determinante no aumento da pressão popular mundial, sobre os riscos e incertezas dessa modalidade de energia. No último final de semana, o Greenpeace mobilizou milhares de pessoas em protesto em frente ao Portão de Brandenburg, em Berlin. E hoje a decisão do governo espelha e materializa a vontade popular.
Foto de Tobias Schwarz Agência Reuters

Já por aqui na terra abençoada com as mais generosas potencialidades de geração de energia limpa e renovável do planeta assistimos quase inertes o governo licitar a obra de ANGRA 3 e “bancar” que até 2030 precisaremos de mais 08 (isto mesmo oito) usinas nucleares para darmos conta da volúpia desenvolvimentista do PAC.
Esta obra tão desnecessária está sendo criticada até pelo Ministério da Economia da Alemanha que, segundo o site Brasil Alemanha News, considera que "a tecnologia usada na usina brasileira se assemelha à de Fukushima". Também é preciso ficar bem claro para a opinião pública que a tecnologia obsoleta prevista para Angra 3, também é parecida com aquela adotada nos reatores mais antigos da Alemanha, que serão os primeiros a serem desativados. E mais, a gigante alemã Siemens faz parte do consórcio para a construção da “nossa” usina, junto com a francesa AREVA. Caiu a ficha? Ainda não? Então vai mais. O orçamento previsto para ANGRA 3 é de R$ 7,2 bilhões de reais, dos quais, cerca de R$ 3 bi (1,3 bilhão de euros) viriam dos cofres alemães, na forma de financiamento. Quer mais? Em função dos questionamentos, o governo germânico reavalia a concessão do crédito. 
A boa notícia é que se a grana não sair, a continuidade dessa empreitada nefasta do governo brasileiro pode não sair do papel. Que assim seja!!!

Mas como dinheiro não agüenta desaforo, fico pensando se a Siemens e outras “corporations” do urânio não vão fazer um redirecionamento estratégico de seu “corebusiness”, inclusive com alguns generosos patrocínios na copa do mundo, olimpíadas e algumas “inserções” eleitorais, para compensar a perda de mercado local. É a gloriosa globalização...

Ora, em nome de Macunaima parem de atentar contra a nossa inteligência tupiniquim. Temos sol, potencial hidroenergético de baixo impacto, ventos e muiiita biomassa para garantirmos todos os megawatts de que precisaremos e com sobra. Inclusive para sustentar tanto desperdício de energia que cotidianamente todos nós cometemos.

Mas não basta reclamar, participe da campanha PARE ANGRA 3, promovida pelo Greenpeace e envie sua mensagem à Presidente Dilma.

E para finalizar, como hoje é dia do 746o aniversário de Dante Alighieri, vale a lembrança de uma frase sua famosa:

No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise


Glückwunsch Deutschland! Lang lebe der Planeten!
Parabéns Alemanha! Vida Longa ao Planeta!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A vitória da motosserra

A Câmara dos Deputados aprovou com ampla maioria a reforma do Código Florestal brasileiro, contrariando as expectativas e reivindicações legítimas de cidadãos comuns, sociedades científicas, organizações sociais e DEZ ex-ministros de meio ambiente que antecederam a atual, desde Paulo Nogueira Neto lá da época da ditadura militar até Marina Silva.
Mas a despeito disso, votou-se pela flexibilização das regras, pela anistia aos desmatadores, pela facilitação de novos desmatamentos e pela possibilidade de se utilizar as Áreas de Preservação Permanente (APP) para atividades agrícolas e pecuárias. Além do texto básico, também foi aprovada a emenda 164, de autoria do deputado Paulo Piau, aqui de Uberaba, o que segundo as palavras do próprio líder do governo na Câmara, deputado Vacarezza é "uma vergonha para o Brasil".
Se nada mudar no Senado e a Dilma não vetar, estarão anistiados todos aqueles que desmataram ilegalmente até 2008. Isso sem contara que os governos estaduais poderão estabelecer as regras para uso das APPs. Lembremos que vários governadores são típicos "ruralistas", com todo o atraso que lhes é peculiar.
As propriedades com até 400 hectares podem ficar livres da exigência de Reserva Legal, o que na prática deve provocar uma avalanche de desmembramentos de latifúndios em "pequenas" propriedades do mesmo dono para livrá-lo da exigência.
O INPE, Instituto de Pesquisas Espaciais divulgou na semana passada que o desmatamento na Amazônia aumentou 570 % em relação ao ano passado. E isto aconteceu, principalmente pela expectativa de aprovação do "novo" Código Florestal. Imaginem o que ocorrerá agora com a legitimação da ação dos desmatadores.
Curiosamente na véspera da votação, o líder extrativista Zé Cláudio Ribeiro e sua esposa, foram covardemente assassinados em Nova Ipixuna, no Pará, porque defendiam a preservação da Floresta e denunciavam os carvoeiros e madeireiros.
Vejam o depoimento dele no evento TEDxAmazônia realizado em novembro do ano passado, onde ele já preconizava seu destino. "A mesma coisa que fizeram no Acre com o Chico Mendes, querem fazer comigo. A mesma coisa que fizeram com a irmã Dorothy querem fazer comigo".

FIZERAM

Triste país o nosso. Abriga a maior biodiversidade do planeta, a maior reserva de recursos hídricos, é o único que tem nome de árvore. E tem seu futuro maculado pela sandice de analfabetos ecológicos e malfeitores legislativos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

SOS Florestas

Parte importante na mobilização pela não aprovação à reforma do Código Florestal, que provocaria um retrocesso enorme à tendência de modernização civilizatória do Brasil, vem sendo desempenhada pelas redes sociais por diversos sites.
Recomendo conhecerem o SOS FLORESTAS.
Há várias sugestões de como agir e algumas expressões bem criativas e que devem ser replicadas. Gostei particularmente do vídeo SOS Florestas Balões.
É uma iniciativa divertida que poderíamos espalhar pelas árvores da av. Rondon Pacheco, que estão com o seu fim anunciado, para virarem pista de rolamento de automóveis. Claro que com papelão reciclável e fio de algodão (nada de plástico ou metal).

sábado, 14 de maio de 2011

Parece piada


Como disse um amigo, parece piada, mas não é. Temos no Brasil o PEN - Partido Ecológico Nacional. 
Olha o número do dito!!! Uma péssima ideia. 
No site do glorioso tem um link com os 10 mandamentos do partido. Fecho com o terceiro: "Todo o esgoto deve ser tratado".
Mas ainda falta muito, porque perto de 51% do esgoto doméstico nacional ainda é lançado "in natura" nos córregos, rios, praias e manguezais. Isto sem mencionar os dejetos políticos.
O que mais me emocionou foi o link "hino do partido". Veja o clip da música que poderá sê-lo. Começa apocalíptico e aos 32 segundos me deixou apopléctico*.



* aquele acometido por apoplexia: 1. Paralisia súbita causada pela efusão ou extravasação de sangue ou soro sanguíneo no cérebro ou medula espinhal. 2 . Doença que ataca as videiras, secando-lhes o fruto.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Amigos da Onça




Depois da indignação com a Safada do Safari, nada melhor para acreditar que um outro mundo é possível, do que conhecer um pouco do que fazem os verdadeiros Amigos da Onça.
Eu tenho o prazer de conhecer e ter trabalhado com dois dos grandes, o Frederico Gemesio Lemos e a Fernanda Cavalcanti, biólogos e coordenadores do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado. Com sua equipe, eles desenvolvem o projeto Onça Parda do Triângulo Mineiro, uma parceria com o Consórcio Capim Branco Energia, para o monitoramento da vida selvagem nas áreas de influência das Usinas Hidrelétricas Capim Branco I e II, localizadas no rio Araguari entre os municípios de Uberlândia e Araguari.
Em dois anos de pesquisa, eles já conseguiram capturar e monitoram por radiotelemetria com tecnologia GPS, três onças, duas jaguatiricas, um lobo guará e quatro raposas.
Segundo depoimento do Fred ao Informativo Capim Branco, este projeto "é o primeiro no Brasil que contempla monitoramento de onças pardas por GPS". O que torna "possível conhecer melhor o comportamento do animal e entender os hábitos da espécie" na região.




Fernanda e Fred examinando uma Jaguatirica, já com colar de Radiotelemetria



Equipe do Projeto e "Victor", um macho de 47 quilos, anestesiado para colocação do colar.

 Equipe com "Rosa", uma fêmea jovem


Além deste trabalho, eles estão envolvidos em pesquisar um dos canídeos silvestres menos conhecidos da nossa fauna silvestre, a raposa do campo (Lycalopex vetulus), esta simpatiquinha figura aí de baixo 
Lycalopex vetulus posando para o Fred
Parabéns aos amigos da Onça

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Safari da Safada


A ambientalista Beatriz Rondon que aparece em vídeo onde onças são caçadas - Reprodução TV GloboUma pecuarista safada de Aquidauana no Mato Grosso do Sul, chamada Beatriz Rondon (na foto ao lado) é proprietária da fazenda Santa Sophia, onde inclusive mantém uma RPPN- Reserva Particular de Patrimônio Natural com mais de 7.300 hectares. Com discurso ambientalista, a criminosa conseguiu inclusive apoio financeiro da ONG Conservação Internacional para supostamente melhorar a gestão da sua reserva em 2005.
O Jornal Nacional de 06/05/2011 divulgou uma reportagem que acaba com a farsa, ao comprovar que a "ambientalista" promove safaris na sua fazenda para caçadores de onça pintada, suçuarana, capivara, lontra, sucuris e outros animais silvestres. Ela mantém uma pousada e cobra R$ 60.000 pelo pacote "ecoturístico".
Veja no vídeo a cara de satisfação da safada, tendo ao fundo uma onça pintada agonizando.


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Bat Watch

Espetáculo em Selman Bat Watch
Falei há pouco da observação de aves e acabei me lembrando de outra modalidade de observação da vida selvagem, que pode parecer até meio bizarra por aqui, mas é igualmente fascinante e mobiliza muita gente mundo afora. Trata-se da observação de morcegos.
O mais famoso local onde se pratica o Bat watching é em Oklahoma no Selman Wildlife Management Area, uma área protegida que é um verdadeiro berçário de morcegos. Há quinze anos, todos os anos, milhares de pessoas vão até lá para apreciar um espetáculo único ao entardecer. Uma revoada de um milhão de morcegos insetívoros (população estimada), que diariamente consomem perto de 10 toneladas de mosquitos, besouros e outros insetos. Espero um dia ter a oportunidade dessa experiência.
Mas por aqui, no aconchego de uma cidade incrustada no Cerrado brasileiro, também temos a oportunidade de "zoiar os morceguim", afinal segundo o Billy, um dos mais sabidos em morcegos, escorpiões e internet que conheço e mantenedor da ong/site Morcego Livre, temos mais de 40 espécies que ajudam muito na polinização de plantas, dispersão de sementes e controle de insetos. Um desses curiosos mamíferos alados atende pelo nome de Glossophaga soricina, o morcego beija-flor, um animal que se alimenta de néctar e adora os bebedouros de beija-flor.
Tem fotos lindas dele feitas pelo fotógrafo/biólogo Daniel de Granville, que mantem o site Photoinnatura, vale demais.
Também sugiro assistir o videozinho abaixo e em nome do Batman, abaixo o preconceito.

Birdwachting

"Oiá os passarim", nada mais que isso. A observação de aves é um hobby que atrai cada vez mais pessoas no mundo, uma atividade que movimenta muito dinheiro, gera postos de trabalho e contribui para a preservação da biodiversidade.
No Brasil, apesar de termos uma das mais ricas avifaunas do planeta, o birdwachting ainda é incipiente, mas propicia coisas bem interessantes como o AVISTAR - Encontro Brasileiro de Observação de Aves, cuja sexta edição acontece de 13 a 15 de maio no Parque Villa-Lobos em São Paulo.

foto de Cláudio Vidal, fotógrafo chileno que fará palestra no AVISTAR 2011 sobre as aves da Patagônia Chilena
Você pode começar a observar as aves estão ao seu redor, no quintal, na janela, no caminho. Experimente.



terça-feira, 3 de maio de 2011

Desliguem as motosserras


Fonte:www.foradeescopo.com/index.php/tag/desmatamento/

Estamos prestes a acompanhar a votação das alterações no Código Florestal no Congresso Nacional e algumas manifestações sobre um suposto acordo para aprová-lo são tremendamente temerárias. Especialmente quando partem do paleontológico Sarney (ou seria pathológico?) ou do comunista convertido em lenhador Aldo Rabelo. 
Para o devido contraponto, o GREENPEACE desenvolve uma ação mobilizadora muito bacana, a partir de uma "pergunta que não quer calar: por que os ruralistas têm se mostrado tão diligentes em seus ataques recentes ao Código Florestal se durante mais de meio século eles simplesmente ignoraram sua existência?"
A resposta é simples. Porque ele finalmente começou a ser cumprido, o que criou dificuldades para captação de dinheiro em financiamentos bancários que subsidiam a degradação ambiental, desde os "gloriosos" e deploráveis tempos do Pró Varzea, que financiou a destruição das nossas Veredas e Áreas de Preservação Permanente.
Segundo matéria do GREENPEACE, duas medidas que afetam a parte mais sensível do corpo humano contribuiram para o "despertar" dos ruralistas. Uma é o decreto 3545/2008 do Conselho Monetário Nacional (CMN) que determina que fazendeiros que não tenham seu passivo ambiental regularizado fiquem impedidos de obter financiamento bancário. A outra é uma Medida Provisória que deveria ter entrado em vigor em dezembro passado que obrigava os fazendeiros a declarar oficialmente seu passivo ambiental e registrar como pretendiam resolvê-lo.
A MP foi adiada por dois anos e a decisão do CMN vem sendo implementada de maneira inconsistente.
Entre no site do GREENPEACE e assista uma animação bem elucidativa:

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Filtro Solar! Até Abacaxi Precisa Usar




Abacaxi com filtro solar FPS 280
No começo do mês, a Organização Metereológica Mundial divulgou um relatório alardeando que a camada de ozônio na região do polo norte (Ártico), sofreu a maior redução já documentada. Cerca de 40%. Sem precedentes, mas não surpreendente diz o press release.
Buraco similar existe no hemisfério sul, sobretudo sobre a Antártica. Esta diminuição na camada de ozônio que é provocada por uma série de poluentes, dentre os quais os CFCs (Clorofluorcarbonetos), possibilita uma maior incidência de radiações ultra violeta prejudiciais à saúde. Provocam câncer de pele, catatara e problemas imunológicos. Isto não é alarmismo, é fato. 
Em algumas regiões do Chile, da Austrália, da Argentina e do Brasil, o  número de casos aumentou muito nos últimos anos. Segundo o INCA - Instituto Nacional do Câncer, este tipo de câncer é o mais incidente no país e pode acometer até 85 pessoas em cada grupo de 100 mil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que todo ano surjam 132 mil novos casos da doença.























Abacaxi que não usou Filtro Solar
Pensando sobre isso fico impressionado como ainda tem tanta gente que não acredita na importância de se proteger do excesso de exposição ao sol.
Aí também fiquei elucubrando. Se tem tanto "marqueteiro genial" que vende até camiseta de grife, esmalte e bolsa Luiz Vitão com protetor solar fator 150, porque não criar uma campanha com o título do post? Só não decidi quem seria a(o) modelo, pois se a fruta fosse melancia, melão, pera ou moranguinho, ficaria mais fácil. Quem seria a melhor mulher abacaxi? Ou devemos inovar e colocar um homem abacaxi, já que falamos "O" abacaxi. Questão de gênero.
Sabe de onde pintou a ideia? No Globo Rural de 03/04/2011, numa reportagem sobre a produção de abacaxi no estado do Tocantins. É que para proteger os frutos da insolação que provoca danos na sua casca dura, os produtores tem que enrolar uma folha de jornal e grampear um a um. Então imagina, se até abacaxi precisa de "filtro solar", coitadinhos de nós.
E olha que o Ananas comosus é um fruto nativo da Américas, não é nenhuma daquelas frutinhas frescas alpinas.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Óleo de cozinha

fonte: www.guiadicas.com/como-reaproveitar-o-oleo-de-cozinha

É assunto requentado, mas longe de ser resolvido, por isso insisto na repetição, óleo de cozinha não deve ser lançado na pia, no ralo ou colocado no lixo.
A solução é simples, depois do uso deixe esfriar, coloque numa garrafa pet com auxílio de um funil (não use vidro, pois pode quebrar e fazer uma lambança, além de contaminar o solo). Quando estiver quase cheio leve a um ponto de coleta de recicláveis. Este resíduo é facilmente transformado em sabão ou biodiesel.
O problema é sério, porque no Brasil  estima-se que sejam produzidos mais de 3 bilhões de litros por ano. Boa parte desta produção acontece aqui mesmo em Uberlândia, onde estão instaladas grandes indústrias do segmento.
O consumo nacional gira em torno de 15 litros por pessoa por ano, o que representa algo como 9 milhões de litros consumidos na grande Udi a cada doze meses.
Como a destinação adequada não deve passar de  1% (90 mil litros/ano ou 7,5 mil litros/mês), dá para imaginar o estrago causado nas redes de esgoto do DMAE, nas estações de tratamento de esgoto, no solo e nos cursos d'água. Afinal cada litro de óleo contamina tranquilamente mais de 20.000 litros de água.
Dito isto, por que a Câmara de Vereadores de Uberlândia não vota logo o projeto de lei do vereador Delfino que tramita naquela casa, que obriga os restaurantes, bares, hotéis e demais estabelecimentos a darem destinação adequada ao óleo vegetal utilizado em seus negócios.
A lógica é clara e está prevista no Plano Nacional de Resíduos, a responsabilidade deve ser compartilhada. Nós consumidores devemos cumprir nossa parte e exigir que os demais atores sociais também o façam.
Na sua próxima ida ao restaurante, procure saber qual a destinação do óleo que além de tudo ajuda a aumentar o nosso colesterol e encher os consultórios de cardiologistas Brasil afora.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Mal gosto também se discute

Circulando pela cidade me deparei com a cena ao lado. No lugar da lixeira, um arremedo de árvore cortada, feito com zelo em cimento. Em seu miolo a lixeira.
Grotesco e simbólico. O que representaria uma árvore para o "artista"?
A mim parece que o tronco cortado, antes de ser uma prova de crime ambiental é um adorno da fachada do "lardocelar".
É o local adequado para se colocar o lixo!!!!
Será que isto tem alguma relação com a desvalorização da arborização urbana e com a quantidade de árvores que se cortam oficialmente em nossa cidade?
Pois, se cortar árvores parece ser uma política pública que acontece até em bairro de bacana, deve ser algo importante, de valor. E como em bairro de perifa já nem tem árvore para cortar, vamos improvisar.

Fico elucubrando (palavra feia deliberadamente utilizada para combinar com o contexto) que lá dentro da casa deve estar cheio de vasos com plantas artificiais.

Mas não fique pensando que é apenas um caso isolado.
Ói nóis aí traveiz.
Mais uma lixeira tronco, só que desta vez ao lado de um pequeno oiti prá fazer sombra.
Já imaginaram a tortura da arvorezinha vislumbrando tão de perto o seu destino. O dono deve estar apenas esperando o tronco engrossar um pouquinho para transformá-la em uma lixeira de recicláveis.
Afinal, agora a cidade tem coleta seletiva...mas a morte mora ao lado.

quinta-feira, 31 de março de 2011

CARTA da TERRA - 11 ANOS

A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos e valores necessários para que possamos alcançar um patamar mais próximo de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Chega a ser considerada algo como uma versão contemporânea da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Oficialmente foi lançada no ano 2000, mas teve a sua origem muito antes, na década de 1990. Em 1992, enquanto ocorria a Conferência governamental Eco 92, no Rio de Janeiro, paralelamente a sociedade civil organizada realizava o Forum Global, que mobilizou mais de 1300 ONGs do mundo inteiro. Foi lá que surgiu a redação da primeira versão da "Carta", que cinco anos depois, em 1997 foi "institucionalizada" na Comissão Internacional da Carta da Terra, formada por lideranças internacionais. O educador Paulo Freire foi um dos convidados para fazer parte da mesma, mas foi impedido pela morte, que o levou em maio daquele ano. Leonardo Boff assumiu o seu lugar e no ano 2000 foi lançada oficialmente a Carta da Terra, com o seguinte preâmbulo:


"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro..."



Se passaram onze anos, os momentos críticos se perpetuam e as criticidades se multiplicam.
Mas, como está lá no finzinho da "Carta", ainda temos esperança:


"Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida." 

Onze anos, quatro mil dias, noventa e seis mil horas se passaram no planeta. Não nos basta dedicar uma hora apenas, uma vez por ano apenas. Não adianta legitimar nosso consumismo com bobagens rotuladas de "eco". Não é sustentável continuar do mesmo jeito só porque o departamento de marketing ficou green e jogou shampoo verde na imagem corporativa dos  seus clientes.
É possível ser diferente é viável fazer a diferença. 
Convido você a ler a íntegra da Carta da Terra, refletir, aderir se julgar conveniente, propagar e procurar viver momentos de coerência entre intenção e gestos. Por mais errantes navegantes que sejamos...


quarta-feira, 23 de março de 2011

Nenhum som teme o silêncio que o extingue

Nhotim, numa manhã chuvosa do final de dezembro


John Cage, autor da frase que intitula este post, percebia no silêncio um grande prazer, algo que a poluição sonora urbana provocada pelo trânsito e os abomináveis 'sonzões' automotivos não nos permite mais.
Na década de 1950, Cage apresentou pela primeira vez sua criação 4'33", uma peça onde o pianista (no caso) levantava a tampa do piano, e permanecia sem tocar nada, apenas mudando as páginas de tempo em tempo. Foi perturbador.
Posteriormente, Cage diria que a obra era uma música totalmente diferente a cada execução, pois consistia, em realidade, na composição dos sons e ruídos do ambiente onde era apresentada. Bingo! 
Lá estava a tão cultuada interatividade, que ingenuamente acreditamos ser atributo tecnológico dos barulhentos dias de hoje.
Por que será tão difícil encontrar silêncio? Por que para a grande maioria de nós é tão intolerável  se deixar silenciar?
Vi dia desses no Valor Econômico, um comentário sobre o livro "Book of Silence” de uma autora escocesa chamada Sara Maitland, que tem uma abordagem muito interessante. Veja um trechinho traduzido pelo jornal:

"Em nossa cultura obcecada pelo barulho é muito fácil esquecer quantas das maiores forças das quais dependemos são silenciosas - gravidade, eletricidade, luz, marés, o não visto e não ouvido girar do cosmos. A terra gira, e gira rapidamente. Gira ao redor de seu eixo a cerca de 1.700 quilômetros por hora (no Equador); ela orbita ao redor do Sol a 107.218 quilômetros por hora. E todo o sistema solar gira através da galáxia a velocidades que eu mal ouso pensar. A atmosfera da terra também gira com eles, e é por isso que não sentimos o girar. Tudo acontece silenciosamente".

Em atenção ao silêncio, será que você consegue se aquietar e assistir a apresentação de 4’33’’ em homenagem a John Cage?
E se ainda tiver um pouquinho só mais de tempo, tente assistir à entrevista do próprio Cage about silence.