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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Plantar um milhão de árvores


Plantar um milhão de árvores em Uberlândia antes que a cidade alcance um milhão de habitantes pode parecer um sonho, mas também pode ser um desafio que faça jus à tão propalada sustentabilidade do desenvolvimento. Afinal se queremos uma vida mais saudável, bairros mais aprazíveis, vias públicas menos áridas e mais segurança, temos que inverter as prioridades, inovar e investir decididamente na qualificação do espaço urbano, na proteção ambiental e na ampliação das áreas verdes.
Não é razoável que em pleno século XXI, enquanto eventos climáticos extremos se tornam cada vez mais frequentes e assolam várias regiões do planeta, com secas e enchentes recordes, afetando a vida de milhões de pessoas e comprometendo a produção de alimentos, continuemos testemunhando passivamente, o insano culto ao asfalto e viadutos.
Precisamos cultivar ideias inovadoras que promovam o desenvolvimento solidário das pessoas. Plantar árvores significa isto, pois guarda em si um simbolismo de esperança, é um ato de compromisso com um futuro melhor para os seres humanos que ainda irão nascer e de quem tomamos emprestado o mundo. Estamos dilapidando o patrimônio natural herdado de nossos ancestrais, o que é um crime intergeracional. Não podemos deixar como legado, um ambiente deteriorado, insalubre e feio. Temos que honrar nosso compromisso com quem nos sucederá.
E para quem pensa que é fantasioso e ingênuo pensar nisso em meio a tantos problemas urgentes a serem resolvidos, sugiro assistir a uma cena comovente do filme “O fabuloso destino de Amélie Poulain”, na qual a protagonista ao andar pela cidade, percebe que a vida tão bela e simples, lhe desperta num ímpeto de amor, o desejo de ajudar toda a humanidade. Amélie então, auxilia um cego a atravessar a rua e torna-se seus olhos e seu coração, com uma descrição poética e acelerada do mundo que os rodeia. É fugaz e fulminante, quase como plantar uma árvore.
Mesmo que seja pela intenção da semente.



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Parques são essenciais


Os parques são essenciais para a qualidade de vida de todos nós, seja na Amazônia, no Cerrado, no Pantanal ou dentro das cidades, pois além de preservarem os ecossistemas e a biodiversidade, viabilizam o contato das pessoas com a natureza em seu pleno esplendor. Os parques nos reservam momentos de tranquilidade, paisagens deslumbrantes, plantas e animais únicos e valiosos. Além disso, valorizam o patrimônio natural e cultural da região em que se inserem.
Mais do que nunca é preciso priorizar a criação de parques, pois o ritmo de destruição ambiental é alucinante e já são muito raros os remanescentes naturais que ainda não foram degradados. Para isso, o poder executivo, seja municipal, estadual ou federal precisa ser proativo, ousado e mais comprometido com o interesse coletivo, do que com o poder econômico do agronegócio e da especulação imobiliária. Quem tem a prerrogativa de criar parques é o poder executivo, mas apenas criá-los no papel, não basta, é fundamental que sejam elaborados os planos de manejo e se garantam os recursos orçamentários e humanos para que se cumpram os objetivos conservacionistas e se viabilize a visitação pública.
No Brasil, os parques são reconhecidos por lei, como Unidades de Conservação de proteção integral. É que a Lei Federal 9.985 sancionada no ano 2000 instituiu o SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação, que classifica as unidades de conservação como de proteção integral ou de desenvolvimento sustentável. Todos os parques devem ter um Plano de Manejo, que, de acordo com a lei do SNUC é o “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade”.
Um bom exemplo regional é o Parque Estadual do Pau Furado (PEPF), primeira UC de proteção integral estadual a ser criada no Triângulo Mineiro, no ano de 2007, como medida de compensação pela implantação das Usinas Hidrelétricas de Capim Branco 1 e 2. Com uma área de 2.186,849 hectares, ocupa parte dos municípios de Araguari e Uberlândia, às margens do rio Araguari, e tem o objetivo de assegurar a proteção dos ecossistemas presentes na região; a proteção às espécies raras, em perigo ou ameaçadas de extinção; a preservação do patrimônio genético; a conservação de paisagens; a promoção da educação ambiental, a investigação científica e o uso público.
Além de proteger fragmentos florestais importantes do vale do rio Araguari, o Parque do Pau Furado é de grande importância para a conservação da biodiversidade regional, pois nos levantamentos realizados para e elaboração do plano de manejo foram identificadas dentro dos seus limites, quase mil espécies da fauna e flora (precisamente 932), incluindo várias reconhecidas oficialmente como ameaçadas de extinção, como é o caso da aroeira Myracrodruon urundeuva, da onça-parda Puma concolor, da raposa-do-campo Pseudalopex vetulus, do lobo-guará Chrysocyon brachyurus, da jaguatirica Leopardus pardalis, do tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla, do veado-mateiro Mazama americana, da arara-canindé Ara ararauna, da maritaca Aratinga auricapillus, do cabeça-seca Mycteria americana, do canário-da-terra Sicalis flaveola  e da andorinha-de-coleira Pygochelidon melanoleuca.
O plano de manejo do Parque foi concluído no ano passado e até 2013 ele deve ser aberto à visitação, que com certeza será surpreendente, uma vez que chegar até lá é relativamente fácil, pois está situado equidistante a cerca de 20 km, tanto de Araguari, quanto de Uberlândia, com múltiplas opções de acesso, a partir das rodovias BR 050, BR 365, BR 452, MG 028 ou Anel Rodoviário Norte de Uberlândia.
Em tempo, conta-se que a denominação “pau furado” é uma referência toponímica a uma grande gameleira que existia no início do século passado e teve seu tronco danificado pelo fogo, criando um grande “oco” que servia de abrigo aos tropeiros e ponto de referência para quem circulava entre Araguari e Uberlândia pela antiga estrada que tinha uma ponte construída pela iniciativa privada, cujos proprietários cobravam pedágio para a passagem da boiada e das cargas. A ponte se foi, mas para os saudosistas fica o consolo de que em breve provavelmente voltaremos a pagar pedágio para ir a Araguari, ou de lápracá, assim que se conclua a duplicação da 050.
Mas, enquanto aguardamos, por que não se criam mais parques urbanos em nossa cidade?
Ponte do Pau Furado - rio Araguari