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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Recorde Nefasto

Dias desses saiu no jornal Valor Econômico (17/fev/2011), uma manchete sinistra “Venda de defensivos agrícolas bate recorde no Brasil”. Sinistra porque utiliza de eufemismo para vangloriar a venda de venenos, ou para ser mais ameno e menos hipócrita, Agrotóxicos.
Para o Sindicato das Indústrias do setor (Sindag), o ano de 2010 foi o melhor em vendas da história do setor, com faturamento de US$ 7,24 bilhões. Isto sem contar os produtos contrabandeados e falsificados que chegam à roça com relativa facilidade. Nesta toada o país vai recuperar a dianteira mundial no consumo de agrotóxicos, conquistada em 2008, afinal segundo a matéria, foram importadas 231,66 mil toneladas de produtos no ano passado. São quase 232 milhões de quilos de veneno para uma população de 191 milhões de pessoas, algo em torno de um quilo e duzentos gramas para cada um de nós.
Não é por coincidência que o Brasil também se tornou o principal mercado consumidor para venenos proibidos em outros países. Abamectina, Carbofurano, Cihexatina, Endossulfam, Forato, Fosmete, Glifosato, Lactofem, Metamidofós, Paraquate, Parationa Metílica são alguns dos banidos que aqui são comercializados até com redução de ICMS. Tudo em nome do agronegócio e do PIB nacional.
 Diante desta situação, não acredito que seja bobagem especular que provavelmente também estejamos na liderança de intoxicações, câncer, doenças metabólicas, reprodutivas, suicídios e outras mortes associadas com os tais defensivos. Para se ter uma ideia, o Sinitox – Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas registra em torno de 15 mil casos anuais de intoxicação pelos “ditocujos” (ou seriam ditosujos), mas segundo estimativas de pesquisadores não patrocinados pelas indústrias dos defensivos, para cada caso notificado há 50 não notificados, o que representaria perto de 750 mil pessoas contaminadas anualmente, em doses subclínicas, assintomáticas e crônicas, cujos efeitos somente serão percebidos tempos depois.
Para se ter uma ideia da fragilidade do nosso sistema de monitoramento, basta checar o site da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária para vermos que os resultados mais recentes do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) são de 2009, ou seja, podemos saber informações sobre os venenos que ingerimos dois anos atrás!!!
Isso incomoda? Experimente então, comer só alimentos orgânicos, o que provavelmente não será nada fácil, até porque são pouquíssimos os produtores, quase nenhum varejista e geralmente os preços são um veneno para o nosso orçamento.

2 comentários:

  1. Nossa Du, nunca tinha parado pra pensar nisso !!! Nossa Senhora dos "venenos" que ingerimos !!! é muita coisa pra uma pessoa so .... estou indignada! E de fato os alimentos chamados "bio" são um veneno pro nosso bolso, mesmo aqui na França é assim =/ Mas talvez seja melhor pagar pelo alimento sem veneno que ter que pagar mais tarde um hospital né?! rs

    beijos, Iaia

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  2. Notícia nefasta mas verdadeira...díficil fugir do veneno,mas podemos minimizar cortando enlatados e embutidos ....será que os grãos integrais tb estão contaminados???? Beijos preocupados.

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